02 dezembro 2023

Tranças-afro: pessoas brancas podem usar? Descubra o debate atual!

 Entenda a polêmica em torno do uso de tranças-afro por pessoas brancas e descubra o significado cultural por trás desse penteado tão especial.





Tranças afro são mais do que um simples penteado — são expressões culturais ricas em história e significado. Originárias da África desde o início dos séculos, essas tranças eram símbolos de identidade, resistência e orgulho para homens, mulheres e crianças de diversas classes sociais. Recentemente o debate sobre se pessoas brancas podem ou não usar tranças-afro voltou a ganhar força nas redes sociais.

A discussão surgiu quando a trancista Cintia Antunes (@trancas_aotopo), foi questionada por seguidores por trançar o surfista Gabriel Medina. Pessoas negras tem levantado preocupações, argumentando que a falta de noção sobre o significado histórico das tranças por parte de pessoas brancas pode ser interpretada como desrespeito. Afinal, é importante considerar que, desde a escravização de pessoas pretas, as tranças eram proibidas pelos senhores e vistas como símbolos de resistência para os pretos.

Cíntia, profissional de Nilópolis, é conhecida por ser a mulher que faz a cabeça de várias celebridades no país. A cabeleireira já mostrou em suas redes sociais seu trabalho na cabeça de personalidades como o artista Veigh e o cantor Mc Cabelinho. Em um vídeo que já conta com mais de 1 milhão de visualizações, Cíntia mostra o antes e depois das tranças-nagô na cabeça do surfista Gabriel Medina. Alguns comentários criticavam o fato de uma pessoa branca estar usando trança, enquanto outros até questionavam o profissionalismo de uma mulher negra que aceitou trançar uma pessoa branca. 


A profissional respondeu aos comentários: “trancasaotopo@gmail.com, é o meu pix galera, para os especialistas em tranças, o meu aluguel não ver a cor de quem tá pagando e nem como vai pagar, então pra vocês que tão falando m*#4@ e não tem o que fazer, vou parar e viver do pix de vcs.”. O comentário já contava com mais de duas mil curtidas no momento dessa publicação.



Laços que tecem história e empoderamento: o significado profundo das tranças-afro

As tranças afro, além de seu valor estético, eram e continuam sendo um meio de preservar a cultura do povo negro. Enquanto, para algumas pessoas, o uso dessas tranças pode ser apenas uma tendência estética, é fundamental reconhecer o papel histórico e simbólico que elas carregam. Atualmente, as tranças-afro também representam um símbolo de empoderamento para a comunidade negra.

A teoria da apropriação cultural desempenha um papel significativo nesse debate.

Pessoas brancas que utilizam elementos da cultura afro-brasileira sem compreender o significado histórico podem, mesmo sem querer, ofender a comunidade negra. Essa apropriação não se limita apenas às tranças-afro, também pode estar nas roupas, acessórios, música e até mesmo linguagem. A falta de sensibilidade para com o racismo estrutural aprofunda as feridas dessa questão, destacando desigualdades que persistem na sociedade.

O racismo estrutural também promove a discriminação estética.

Também é importante dizer que os cabelos de pessoas negras frequentemente são alvo de julgamentos discriminatórios enraizados no racismo estrutural. Pessoas negras, em muitos casos, são estigmatizadas e marginalizadas quando escolhem expressar sua identidade por meio de penteados. Por outro lado, quando pessoas brancas adotam as tranças, muitas vezes são ovacionadas pela sociedade, tornando-se símbolos de um padrão estético admirado. Essa disparidade reflete não apenas uma questão de gosto, mas um reflexo mais profundo das desigualdades estruturais. Colaborar, conscientemente ou não, para a manutenção desse sistema ao elogiar um padrão estético predominante é, de fato, uma forma sutil de perpetuar o racismo, uma vez que reforça a ideia de que alguns padrões são superiores aos outros.

Desatando nós culturais: o chamado à empatia na conversa sobre tranças afro

A discussão sobre se pessoas brancas podem ou não usar tranças afro reflete uma conversa muito maior sobre respeito, compreensão e reconhecimento das raízes culturais deste país. O objetivo não é proibir, mas sim incentivar a empatia e o respeito. A valorização da diversidade cultural é fundamental para construirmos uma sociedade mais justa e inclusiva. Afinal, as tranças afro são mais do que um penteado — são laços que conectam um passado ancestral, um presente de construção e um futuro antirracista para nós.

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