04 janeiro 2016

ENTENDAM UMA COISA: MÃE NÃO É ESTADO CÍVIL

Foto: Ariane Realino
Sou uma mulher negra de 24 (quase 25) anos, designer por formação, blogueira por (falta de) opção, trabalhadora por vocação e barraqueira por forçação de barrada sociedade mas também sou mãe e essa com certeza é uma das minhas qualidades que eu mais me orgulho: SER MÃE! 
Se tornar mãe é realmente MUITO difícil, saber que você é a responsável pela formação do caráter de alguém, em especial no caso de ser mãe de menino (que é o meu caso) é extremamente angustiante afinal, a nossa sociedade adora o "é culpa da mãe" ou "a sua mãe não te deu educação?". Portanto, ser mãe é assustador ao passo que você entende que a responsabilidade sobre o que àquele pequeno ser humano irá se tornar é TODA SUA. Mas, como não dá para ser fácil ainda existe um agravante, a sociedade quer me enfiar o maldito rótulo de "mãe solteira" e espero que vocês entendam que MÃE NÃO É ESTADO CIVIL ok? O compromisso de mães e filhos é algo muito diferente de um compromisso matrimonial por exemplo, portanto não tem nada a ver uma coisa com a outra. Mas vivendo numa sociedade patriarcal machista até os ossos eu já perdi as contas de quantas vezes tive que ouvir coisas do tipo "mas e você casou?", "e o pai, mora com você?", "mas então você é mãe solteira?"... O que isso muda na vida das pessoas? Nada! ABSOLUTAMENTE NADA! Mas como a culpa é sempre da mulher não é mesmo? Bora colocar uma dose de culpa nesta tarefa que apesar de maravilhosa é extremamente amedrontadora!

Foto: Ariane Realino

Coisas precisam ser ditas e as pessoas precisam abrir bem os seus ouvidos e mentes para conseguirem entender:

- Uma mulher que é mãe e não tem um marido/companheiro não está sempre procurando por um marido;
- Uma mulher que é mãe e não tem um marido/companheiro ou apoio do pai biológico da criança, não está necessariamente procurando um pai substituto;
- O fato de uma mulher ser mãe e não ter um marido/companheiro não faz dela uma transa fácil e garantida;
- Uma mulher que é mãe mas não é casada, não vê o marido das amigas / conhecidas como objetivos a serem atingidos;
- Uma mulher que é mãe e não tem um marido/companheiro, não vê necessariamente na pensão dos filhos a fonte inesgotável de renda. Acreditem, às vezes a pensão não dá sequer para despesa dos filhos;
- Uma mulher solteira tem o direito de sair, passear, beijar, transar, conhecer pessoas normalmente. Isso não muda se ela é ou não mãe (desde que isso não afete a segurança de seus filhos);
- Uma mulher solteira, com filhos e sem marido não vê em qualquer casal com filhos o seu objetivo de vida, parem de propôr soluções para a mãe sem marido.
A sociedade pautada no machismo em que nós vivemos, santifica as gestantes e não deixa que as grávidas solteiras vivam, afinal elas estão carregando um bebê e depois demoniza as mães que não tem um parceiro / companheiro / marido porque à partir do momento que nós tornarmos mães a nossa vida como seres humanos parece ter sido esquecida não é mesmo?
"Mãe solteira não sai, mãe solteira não beija, mãe solteira não ama, mãe solteira não transa.
Apenas entendam que nós ainda somos seres humanos e que por mais que queiram nos prender numa lacuna da sociedade onde farão nos sentir estranhas e culpadas, nós hoje estamos mais conscientes de que não é errado criar um filho sozinha, dar amor, educação, carinho e ainda assim ser mulher, ter vontades, amizades, desejos. Errado é não fazer o papel de pai! Nós fazemos o papel que nos compete e saibam que não nos envergonhamos em nenhum momento de fazer todos os papéis: mães, mulheres solteiras e seres humanos!

Gratidão a minha amiga Fernanda, que escreveu um texto maravilhoso na página Artemis e disparou o gatilho para este post desabafo! <3 

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