13 julho 2015

EXISTE CINDERELA PRETA? COMO A "SÍNDROME DE CINDERELA" PODE AFETAR AS MULHERES NEGRAS



Sempre acreditei que esse negócio de esperar príncipe encantado era uma furada. Na verdade, não entra muito na minha cabeça que uma mulher espelhe a sua vida em um casamento e fim. Um relacionamento sempre vai depender das duas pessoas para dar certo e projetar a sua felicidade integral em algo que não depende só de você eu considero meio loucura.
Mas eu não tenho embasamento acadêmico para isso, não tenho formação na área e toda a minha opinião sobre isso sempre foi "achologia". Hoje, na hora do almoço uma psicóloga falava na tevê sobre "A Síndrome de Cinderela" e as palavras dela explicavam exatamente o que eu acreditei a vida toda que era uma doença, mas não tinha tanto embasamento para citar isso. 
Então, resolvi me aprofundar no assunto e ler mais sobre. De fato, é um distúrbio e que precisa de terapia para ser tratado.
Basicamente, é isto: 

"O complexo da Cinderela foi criado em inícios da década de oitenta, por Collete Dowling uma psicóloga norte-americana. Esta mesma autora descreve, que o “complexo da Cinderela” ocorre quando existe um sistema de desejos reprimidos, memórias e atitudes que tiveram sua origem na infância. Neste fenômeno existe uma crença da menina ou princesa vai ter sempre alguém que a proteja e que a sustente, tal como acontecia com a Cinderela e o príncipe. Independentemente da idade, dentro dessas mulheres, existe uma criança que vive assombrando todos os níveis da sua vida, criança essa que ambiciona ter um “príncipe perfeito” que a proteja e lhe proporcione uma vida sem esforço e sem perigos. Consequência dessa crença, existe uma insegurança em vários níveis da vida, dando origem a todas as espécies de medos e dúvidas. Por consequência desses medos, insegurança e desse príncipe que nunca mais chega, as mulheres que sofrem deste complexo, subestimam-se a elas próprias, sabotando-se e menosprezando-se. Quando de fato encontram alguém ou um “príncipe”, as mesmas crenças que sempre o ambicionaram, podem provocar o seu abandono. Pois devido a essa crença, elas tornam-se extremamente dependentes, ao mesmo tempo que elevam as expetativas ao máximo, esperando que aquele “príncipe” lhe dará o mundo e fará todas as suas vontades. Isso irá provocar, por um lado continuas decepções, ao mesmo tempo que “asfixia” do “príncipe”. Por mais que o “príncipe” a valorize, nunca chegará. Além disso é obvio um sentimento transversal de incompetência e conformismo, pois abdicam de desenvolver as suas competências e conhecimento, por esperarem o “príncipe”. Para mulheres com este complexo, necessitar de trabalhar pode significar, que aquele não é o “príncipe”, pois se fosse, não necessitariam. Este complexo teve origem na educação, na cultura e nas sociedades essencialmente ocidentais. Pois durante muito tempo, o papel da mulher era ficar em casa, não trabalhavam, pois, a sociedade de forma geral, via o trabalho, o estudo e o conhecimento, quase exclusivo para os homens. Assim sendo, desde muito cedo, as pequenas mulheres eram educadas/formatadas para serem “princesas”. Gradualmente a sociedade veio-se alterando e com ela a educação. Atualmente já existem mais mulheres no ensino superior que homens. As mulheres têm acesso à informação, ao trabalho, tal como os homens. Contudo ainda muitas recusam todas essas oportunidades de evolução pessoal e profissional, centrando-se exclusivamente no “casamento de sonho”. As mulheres com esse complexo, possuem baixa tolerância à frustração, pois a sua competência de resolver problemas é muito escassa. Não são educadas para ser independentes e/ou autônomas, mas dependentes de um “príncipe”. Desistem com facilidade de algo que não tenha a ver com o seu “casamento” ou o seu “príncipe”. Não vão à luta, acomodam-se. É importante referir o forte papel na educação, destas crenças. Como estas há crenças de um emprego perfeito, de pessoas perfeitas, amigos perfeitos, dia perfeito. Provocando inevitavelmente continuas desilusões e inseguranças. É necessário ter em conta quais os conceitos que passamos para as nossas crianças, pois elas muitas vezes irão aprender literalmente. E como vimos irá influenciar necessariamente a sua vida futura a todos os níveis." Fonte

E a mulher negra, como fica nessa história?

É muito perigoso quando mulheres negras são afetadas por essa síndrome, já que a nossa objetificação natural na sociedade faz com que sejamos ainda mais vulneráveis a sofrer e desenvolver outros traumas em busca deste "príncipe salvador". Sejamos realistas e sensatas em admitir a nós mesmas que o homem perfeito, seja ele branco, preto, azul ou amarelo não existe e que precisamos lidar com as imperfeições da melhor forma. Estejamos atentas e prontas para pedir ajuda caso seja preciso, aceitar quando seja oferecido, para que estes sonhos não se voltem contra nós!

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